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A história de uma borboleta


Ela começou tímida, quase calada, era difícil de se mover as vezes, o medo de que a vissem era quase paralisante. Com o passar dos dias ela sentiu uma constante necessidade de se aquietar, ficar um pouco em silêncio e apenas escutar; aos poucos ela estagnou mas seus olhos não se desviavam do seu alvo.
Fechou os olhos por um tempo e quando os abriu novamente estava imersa na escuridão, bateu o desespero, a claustrofobia e a falta de respostas sobre como fora parar ali. Na escuridão o tempo parecia se arrastar mas os sons e cheiros se tornaram cada vez mais intensos e presentes; ouvia doces vozes, encontrava a harmonia da natureza respirando conforme o movimento das folhas ao seu redor.

De repente uma rara calma a lançou em um mar de certeza onde sabia que agora era tempo de esperar.
A certeza de que aquele era um importante momento minou suas angústias até que um dia ela acordou e se assustou com a mudança de sons, agora ele estava mais perto e uma súbita claridade feriu sua retina já sensibilizada. Sem poder e sem precisar perguntar para ninguém, sabia que sua tarefa era sair daquele lugar escuro e seria a partir daquela pequena abertura.
No primeiro dia seu corpo estava fraco e mole, sentia um incômodo nas costas e por vezes sentiu vontade de desistir; com o avanço dos dias a força foi voltando e por vezes sentia vontade de dançar de tamanha alegria. As mãos machucaram-se em alguns lugares ao escavar as bordas da saída, os olhos se feriam sempre que a luz brilhante aparecia.
Com mais algumas tentativas conseguiu passar o corpo pela saída, assim que o calor da luz brilhante tocou sua pele um choque transpassou e uma energia partiu de seu coração para o resto do corpo. Foi então que tudo ao seu redor desmoronou e ela se viu caindo, a energia continuava lá e de repente sabia o que fazer; tão simples como piscar ela moveu os músculos das costas e o brilho colorido e intenso que asas lançaram atraíram a atenção até de seus próprios olhos.

Se manter no ar era tão fácil quanto respirar e ela se viu atingindo grandes alturas, após alguns bater de asas chegou acima de uma piscina; o vento no rosto era uma ótima sensação e sem saber porquê ela olhou pra baixo. Seu corpo estava muito diferente! O que era todas aquelas cores? Aquela vida que irradiava a partir do seu interior era mesmo sua?
Continuou voando e agora se sentia renovada, seu tempo de sofrimento, solidão e escuridão tinha chegado ao fim. Ela estava viva.



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